quarta-feira, 6 de julho de 2011

Nossa Senhora do Monte Carmelo 

16 de julho -Devoção mariana que remonta ao Profeta Elias

                                                                                  José M. Moraes (Revista Catolicismo - Julho de 1995)

O cenário onde nasceu a Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo - instituição profética - é rico em simbolismo. Nos confins da Galiléia e da Samaria, as encostas do Carmelo tocam no mar Mediterrâneo. No horizonte, em direção ao rio Jordão, emerge o Tabor e, em toda a redondeza, outras grandes testemunhas dos mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo: Nazaré, Caná, Tiberíades, Corozaim.
Carmelo, monte santo do Antigo Testamento! Nas florestas que outrora o cobriam, o Profeta Elias e seu discípulo Eliseu foram procurar a solidão e o recolhimento, para melhor compreenderem os desígnios de Deus e indicarem a rota que, depois, foi seguida por milhares de continuadores.
Para compreender e adquirir verdadeira devoção a Nossa Senhora do Carmo - ou do Monte Carmelo - é de toda conveniência admirar o protótipo de varão apostólico, combativo e indomável, que disse ao próprio Criador: "Zelo zelatus sum pro Domino Deo exercituum" - "Eu me consumo de ardente zelo pelo Senhor Deus dos exércitos" (III Reis 19, 14). Este foi Elias, o Fundador da Ordem do Carmo.

Elias ressuscita o filho da viúva de Sarepta

Devido aos pecados cometidos em Israel, o Profeta Elias compareceu diante do Ímpio rei Acab e anunciou-lhe terrível castigo: "Viva o Senhor de Israel, em cuja presença estou, que nestes anos não cairá nem orvalho nem chuva, senão conforme as palavras de minha boca."
Sendo a escassez já muito grande em todo o país, o varão de Deus retirou-se para Sarepta e pediu alimento a uma pobre e honesta viúva. Esta respondeu-­lhe que possuía apenas um pouco de farinha e de azeite, para ela e seu pequeno filho; consumidos esses restos morreriam de fome.
Elias disse à viúva: "Não temas, mas vai, e faze primeiro para mim um pãozinho; e depois o farás para ti e para teu filho. Pois assim fala o Senhor Deus de Israel: a vasilha de farinha não se esvaziará e a jarra de azeite não acabará, até o dia em o Senhor Deus enviar a chuva sobre a face da terra".
A mulher fez como Elias lhe havia dito e, como recompensa de sua fé, deu-se o milagre da multiplicação da farinha e do azeite, os quais não diminuíam nos recipientes em que estavam colocados.
É próprio dos Santos e Profetas passarem por grandes sofrimentos. Deus exige que tenham fé e confiança heróicas.
Depois da humilhação de ter que pedir alimento a uma pobre viúva, maior provação aguardava Elias. O único filho da viúva morreu e, aflita, a pobre mulher disse ao Profeta: "Que te fiz eu, Ó homem de Deus? Porventura vieste a minha casa para excitares em mim a memória dos meus pecados, e matares o meu filho?"
Confiante, Elias clamou a Deus. E o Senhor atendeu sua oração e "a alma do menino voltou a ele; e ele recuperou a vida". Essa foi a primeira ressurreição de um morto realizada no Antigo Testamento.

Combatividade invencível

O Fundador da Ordem do Carmo foi magnífico exemplo, não só de fé e confiança, mas também de combatividade.
Depois de três anos em que não caiu "nem orvalho nem chuva", Elias apresentou-se diante do rei Acab, o qual lhe disse: "Porventura és tu que trazes perturbado Israel?"
Numa manifestação de santa ousadia, o Profeta respondeu ao rei: "Não sou eu que perturbei Israel, mas és tu e a casa de teu pai, por terdes deixado os mandamentos do Senhor, e por terdes seguido Baal".
Depois de increpar o rei, Elias increpou o povo: "Até quando claudicareis para dois lados, inclinando-vos umas vezes para o Senhor e outras para o ídolo de Baal? Se o Senhor é Deus, segui-O; se é Baal, segui-o. E o povo não lhe pôde dar resposta".
Elias, então, realizou no Monte Carmelo prodigioso milagre, fazendo vir fogo do céu para consumir o holocausto, a lenha e as pedras do altar por ele edificado. E, quanto aos 450 falsos profetas de Baal, principais responsáveis pelos pecados do povo, "Elias levou-os até a torrente de Cison, e lá os matou" (III Reis, 18,40).

Nuvenzinha símbolo da Imaculada Conceição

Depois dessa extirpação salutar e admirável, Elias pôs-se a rezar no alto do monte Carmelo, implorando a Deus que cessasse a terrível seca. Eis, então, que se levantou do mar uma "pequena nuvem, como a pegada de um homem", a qual, em pouco tempo, deu origem a uma grande chuva (III Reis, 18,44).
Essa nuvenzinha é o símbolo de Nossa Senhora e de sua Imaculada Conceição. Porque, assim como a leve e alígera nuvem surgiu do mar salgado, sem conter seu amargor, a Virgem Maria surgiu da humanidade culpada, sem a culpa.
Elias compreendeu esse simbolismo e foi o primeiro a cultuar Nossa Senhora. E a doutrina da Imaculada Conceição - que em 1854 foi proclamada como dogma por Pio IX - foi sempre defendida pela Ordem do Carmo.

Eliseu e o manto de Elias

Embora se tenham passado mais de 2.800 anos, o Profeta Elias não morreu. Quando foi arrebatado desta Terra por um carro de fogo, lançou seu manto para o discípulo e também profeta Eliseu. Este, tendo pedido e recebido em dobro o espírito de Elias, passou a dirigir a Ordem do Carmo, a qual nunca se extinguiu, apesar de todas as tragédias ocorridas na Palestina.
Segundo abalizados intérpretes da Sagrada Escritura, Elias virá no fim do mundo - juntamente com Henoc, que também não morreu - para combater o Anticristo.

A primeira igreja em honra de Nossa Senhora na era cristã

De acordo com piedosa tradição, atestada pela Liturgia da Igreja, no dia de Pentecostes um grupo de homens, devotos dos santos Profetas Elias e Eliseu, abraçaram o Cristianismo. Tinham sido discípulos de São João Batista, que os preparara tendo em vista o advento do Salvador. Partiram de Jerusalém e no Monte Carmelo erigiram um santuário votado à Santíssima Virgem, no mesmo lugar onde Elias vira aparecer aquela nuvenzinha anunciadora da fecundidade e, ao mesmo tempo, símbolo da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Adotaram eles o nome de Irmãos da Bem-aventurada Maria do Monte Carmelo.

Libertados pela espada dos cruzados

Depois de muito sofrerem durante as perseguições movidas pelos Imperadores romanos, e na época da invasão da Terra Santa pelos maometanos, os carmelitas foram libertados pela espada dos cruzados.
Muitos peregrinos do Ocidente entraram então na Ordem do Carmo, permanecendo na Terra Santa ou voltando para seus países de origem. Entre os novos carmelitas, destacaram-se São Cirilo, Santo Ângelo e São Simão Stock.
Com a queda do Reino católico de Jerusalém, os carmelitas da Palestina foram novamente perseguidos pelos muçulmanos e muitos foram martirizados. São Cirilo, que se tornara Geral da Ordem, recorreu a Nossa Senhora.
Esta apareceu-lhe e comunicou-lhe: "É vontade de Meu Filho e minha que a Ordem do Carmo não seja somente uma luz para a Palestina e a Síria, mas que ilumine o mundo inteiro. É por este motivo que Eu lhe atrai e lhe atrairei de todos os paises numerosos filhos".
De fato, a Ordem do Carmo floresceu em várias nações. Porém, no século XIII, muitas incompreensões surgiram contra ela no Ocidente.

Recepção do escapulário das mãos de Nossa Senhora

Em 1251, São Simão Stock, alquebrado pela idade e pelas austeridades - vivera durante vinte anos no tronco oco de uma árvore, como penitência -, foi a Cambridge, Inglaterra, para inaugurar novo convento carmelita. Mas sua alma muito soma devido às oposições de que a Ordem do Carmo era objeto sobretudo em seu país.
Na noite de 16 de julho de 1251, no auge de sua dor, São Simão Stock rezava e sua ardorosa prece transfor­mou-se num cântico maravilhoso:
Fios Carmeli, Vitis florigera
Splendor caeli, Virgo puerpera,
Singularis,. Mater mitis
Sed viri nescia, Carmelitis, Da privilegia
Stella maris.
Flor do Carmelo, Vide florida, Esplendor do Céu, Virgem Mãe Admirável.
Mãe cheia de doçura, Sem conhecer varão, Aos carmelitas Dai privilégios.
Ó estrela do mar.
São Simão Stock rezou e cantou durante toda aquela noite de 16 de julho. Aos primeiros sinais da aurora, Nossa· Senhora apareceu-lhe rodeada de anjos, vestida com o hábito do Carmo. Ela sorria e trazia nas suas virginais mãos o escapulário da Ordem, com o qual revestiu o varão de Deus, dizendo-lhe: "Este é um privilégio para ti e para todos os carmelitas. Quem morrer portando este escapulário não cairá no inferno".
Não podemos, entretanto, deixar-nos levar pela falsa idéia de que a simples posse e uso do escapulário é suficiente para nos obter o Céu. Para isso, é necessário levar vida cristã, cumprindo os Mandamentos.

Privilégio sabatino

Nossa Senhora é supremamente misericordiosa e nos consegue muito mais do que Lhe pedimos. Assim, para quem porta dignamente o escapulário, concedeu a Mãe de Deus o privilégio sabatino.
Em 1316, a Virgem apareceu ao Cardeal Tiago d'Euze, que, no dia seguinte à visão, foi eleito Papa com o nome de João XXII.
Na bula que João XXII escreveu para testemunhar essa aparição, o Papa declara que Nossa Senhora prometeu libertar do purgatório, no primeiro sábado após a morte, aqueles que morrerem com o escapulário, Daí o nome de privilégio sabatino.
Mas para receber essa graça é necessário rezar diariamente o Pequeno Ofício da Virgem Maria, fazer abstinência de carne nas quartas-feiras e sábados, e guardar a castidade segundo seu estado. As duas primeiras práticas podem ser comutadas pelo sacerdote autorizado a impor o escapulário.

Vinde Mãe, não tardeis!

A Ordem do Carmo forneceu à Santa Igreja um número incontável de Santos. Entre eles, destacamos São João da Cruz e Santa Teresa de Ávila, que promoveram, no século XVI, a Reforma da Ordem, na qual se haviam introduzido muitos abusos. E no século passado, um florão desabrochou na Ordem Carmelitana: Santa Teresinha do Menino Jesus, que representou um marco na espiritualidade católica.
Neste fim de milênio em que a avalanche neopagã entroniza modernos Baals, sempre mais cultuados, recorramos de modo especial a Nossa Senhora do Carmo e a Santo Elias.
Assim como o Fundador da Ordem carmelitana exterminou os profetas de Baal, conceda-nos ele a insigne graça de sermos implacáveis com nossos defeitos. E que tenhamos a combatividade sagrada para travarmos uma luta sem tréguas contra os erros e vícios de nossa época, com a mesma radicalidade e zelo que animaram o Profeta do Monte Carmelo.
E, considerando que a abominação está atingindo os lugares mais insuspeitados, peçamos com ardor a Nossa Senhora: Vinde Mãe, não tardeis! Fazei cessar essa situação ominosa e que venha com urgência o Reino de Vosso Imaculado e Sapiencial Coração, profetizado por Vós em Fátima!

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Obras consultadas
- Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, São Paulo, 1933, livros 111 e IV dos Reis.
- Plinio Corrêa de Oliveira, O Escapulário, a Profissão e a Consagração Interior - Conferência pronunciada no III Congresso Nacional da Ordem Carmelitana, em 15-11-1958, publicada no "Mensageiro do Carmelo", nº especial, 1959.
- M. M. Vaussard, Le Carmel, Bernard Grasset, 1929.
- Dom Prosper Guéranger, L'Année Liturgique, Maison Alfred Mame et Fils Éditeurs Pontificaux, Tours, 1922, tomo IV.
- Jean Le Solitaire, Aux Sources de Ia Tradition du Carmel, Beau­chesne, Paris, 1953.
- Padre Gabriel de Sainte Marie Madeleine, Mater Carmeli - La Vie Mariale Carmélitaine, College International de Ste. Thérese, Roma, 1931.
- Padre João Batista Lehmann, Na Luz Perpétua, Livraria Editora Lar Católico, Juiz de Fora, 1950, vol. 11.
- Vies des Saints iIIustrées pour tous les jours de I'année, Maison de Ia Bonne Presse, Paris, s/d, festa de 16 de julho.

domingo, 3 de julho de 2011

Por ocasião da Festa da Visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel, apresento aqui uma pequena conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira proferida no dia da Festa de São João Batista.
Belíssimas palavras  do líder Católico, que durante toda sua vida foi um exímio Devoto da Santíssima Virgem, narra a nobre visitação Dela a sua prima quando esta esperava o nascimento do Santo Precursor de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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São João Batista:
austeridade  e intransigência

Plinio Corrêa de Oliveira -"Santo do Dia" - 23 de junho de 1967
“São João recebeu a graça de uma felicidade incomparável, provavelmente já no seio de sua mãe, com a visita da Santíssima Virgem a Santa Isabel.
Assim sendo, talvez o primeiro que tenha (..?..) da divina e virginal maternidade, não separando nunca o Filho de sua Mãe, ao mesmo tempo que adorou Jesus, honrou Maria acima de todas as criaturas. “Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto de vosso ventre”. É a afirmação unânime da eleição que, pronunciando Isabel essas palavras, nada mais fez do que ser porta-voz de seu filho. O início da vocação de João como testemunho da Luz primaria (..?..) e ela dá a primeira expressão de admiração e louvor que a anima. Anjo ele mesmo, como o chamavam os profetas, retoma (..?..) à Soberana do céu e da terra.
Assim, já se vê de perto o papel de Maria na santificação dos eleitos. O grito de sua alma eleva-o à santidade ao primeiro som da voz da Virgem. Foi por ele que, com grande pressa, após a Anunciação, Ela atravessou as montanhas. Mas reserva ainda a João outros favores. Até então silenciosa, entoa diante dessa criança seu canto sublime. E dá ao Batista a plena compreensão do mistério inefável. Como santificou o precursor de seu Filho, a Mãe de Deus (..?..) primeira lição incomparável do filho de Isabel. Mas três meses ainda continua essa educação maravilhosa. E com isso, melhor (..?..) que será essa criança? A Dispensadora das graças guardou para João a primeira efusão dessa torrente de graça da qual Ela se tornara o divino reservatório.
O caudal que escapa dessa cidade santa não será suspenso no correr dos tempos, levando a cada alma os seus eflúvios, mas (..?..) em toda a sua força inicial ainda não dirigida, encontra João em primeiro lugar. Quem poderia medir essa corrente? Os seus efeitos? A Santa Igreja não o diz. Mas de onde virá a fonte que causa o misterioso crescimento de João sob o olhar atônito dos anjos? (..?..) de vista a fraqueza desse corpo de criança, ante a grande maturidade de sua alma, (..?..) da misteriosa natividade do precursor. É grande o homem que Isabel deu ao mundo (..?..)”.
Esse comentário de D. Guéranger é cheio de vistas magníficas. Ele se estriba no fato de que São João Batista, ainda no ventre materno, era dotado de toda lucidez. Porque sem ser concebido sem pecado original - ao menos nada indica que tenha sido - foi isento dessa culpa logo depois de concebido, razão pela qual tinha inteligência, tinha compressão das coisas que se passavam, e estava em oração no ventre de Santa Isabel quando Nossa Senhora chegou.
Então, a primeira coisa que D. Guéranger ressalta bem é que Nossa Senhora não foi a Santa Isabel  apenas para ajudá-la, mas que o motivo primeiro da visita era ajudá-la para que gerasse perfeitamente aquele menino que Ela sabia ser o precursor prometido pela Escrituras. O menino passou três meses vendo constantemente Nossa Senhora ajudar Santa Isabel. Ele ouvia a voz de Nossa Senhora; durante esses três meses ele compreendeu Nossa Senhora.
Os senhores podem compreender o que são dois ou três meses em companhia de Nossa Senhora! Ele mostra muito bem que aquele que os profetas  chamaram de Anjo era uma criatura de tal maneira excelsa que estava acima de todos os homens. Nosso Senhor dele dizia, mais ou menos, não me lembro bem a frase, que de homem não havia nascido ninguém maior do que João Batista.
Então, essa criatura, logo no despertar de sua vida, foi acordada para o conhecimento do mundo pela voz de Nossa Senhora. Ele ouviu Santa Isabel cantar a grandeza de Nossa Senhora e ouviu Nossa Senhora entoar o Magnificat. Ouviu esse hino, essa canção tão bem estruturada, tão nobre, ao mesmo tempo tão racional, tão bem pensada. Ele ouviu e compreendeu todos os sentidos que o Magnificat tem, depois o canto da voz de Nossa Senhora e tudo o mais, tudo concorreu para elevar a alma dele.
Ou seja, o primeiro ensinamento desse homem privilegiado foi um ensinamento de Nossa Senhora. Quando a corrente de ensinamentos e de graças de Nossa Senhora — diz ele muito bem — estava no seu primeiro eflúvio para cair sobre a humanidade, o lado mais esplêndido caiu sobre São João Batista, sobre sua alma, para que ele fosse um anjo e fosse na frente do Messias, cortando as montanhas e enchendo os vales para preparar os caminhos do Senhor. Cortando as montanhas, quer dizer, combatendo os vícios; preenchendo os vales, quer dizer, acabando com os pantanais e buraqueiras da sensualidade. Em outros termos, fazendo o trabalho da Contra-Revolução para preparar os caminhos do Senhor.
Ele diz algo a respeito da santidade de São João Batista, mas o que diz é pouco porque ele teve de compreender que não há palavras humanas para descrever bem o que essa santidade possa ter sido. Uma santidade de tal maneira — e de tal maneira máxima a do primeiro momento do apostolado de Nossa Senhora — que os homens podem entrever, não podem descrever! Eles podem admirar, mas eles não podem conhecer inteiramente.
Aí está o Batista, o austero, o Batista terrível! O Batista que vai para o deserto e que vela. E depois sai da solidão e começa a pregação. O Batista zeloso que prepara as almas judaicas, das quais haveria de nascer a Igreja Católica. Porque o primeiro reduto de católicos foi [o] dos judeus e [das] pessoas preparadas pelo apostolado de São João Batista - mas o Batista juiz, o Batista fiel, o Batista devotado!
Quando Nosso Senhor apareceu, ele disse: “A Ele compete crescer, a mim compete diminuir; compete-me agora desaparecer: eis o Cordeiro de Deus, eis Aquele que tira os pecados do mundo! Minha missão está cumprida. Não há mais nada para eu fazer, porque o Sol da justiça se levantou e eu não era senão uma ave que cantava o Sol que ia nascer. A partir do momento em que o Sol nasceu, eu não tenho outra coisa a fazer senão morrer por Ele”.
aí nós temos a morte, ao mesmo tempo indignada e enlevada de São João Batista. São João Batista e sua luta contra Herodes, contra Salomé, mártir da castidade! O homem que sabe enfrentar a impureza num trono e que sabe perder sua vida para dizer a verdade como ela é. Ele foi detestado, tirado dessa vida, mas tirado num ato de supremo amor. É evidente que quando ele morreu estava pensando no Cordeiro de Deus que tinha visto e no canto do Magnificat que tinha ouvido. Foi nesse enlevo que sua alma se desprendeu do corpo e que foi esperar Nosso Senhor no Limbo.
Os senhores podem imaginar o que terá sido o encontro de Nosso Senhor e São João Batista no Limbo, quando a alma do mártir, tão pura e ainda lavada pelo sangue derramado há pouco, foi de encontro a Ele. O que terá dito Nosso Senhor a São João Batista que O havia aclamado? E depois, coroando de glória São João Batista no Céu!
E aí então, como através de um espelho, podemos ver algo das virtudes de Nossa Senhora. Porque ele é fruto da alma de Nossa Senhora, da formação de Nossa Senhora. Ele é fruto da formação, e pelo fruto se conhece a árvore. Nossa Senhora, a ter formado um homem que tivesse todo o agrado dEla, teria formado a ele.
Que Nossa Senhora nos faça tais! Que possamos ouvir, também nós, a voz dEla dentro de nossas almas. Que nós também tomemos a forma de verdadeiros discípulos dEla para, contra os hereges contemporâneos, vivermos aqueles Apóstolos do Últimos Tempos que devemos viver. É o que nós pedimos, de toda alma, a São João Batista e a Nossa Senhora...